quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Quando olho para trás.



    Houve um tempo que não queria olhar para trás, pois achava perda de tempo ficar lembrando de coisas que já passaram. Puro engano. Inconscientemente criei a ilusão de que não valia de nada ficar lembrando de momentos que já passaram, eles não voltam mais. Outro engano. 
    As lembranças são as melhores coisas que podemos carregar daquilo que já passou, pois sempre servem de exemplo para os nossos passos rumo ao futuro. Olhar para trás e vermos se tudo o que fizemos valeu a pena ou não, se tudo o que deixamos de fazer ainda podemos fazer agora. 
    De noite com a cabeça no travesseiro procuro recordações de tempos remotos e de tempos recentes, do dia anterior ou de dez anos anteriores, do que fiz ontem ou do que fiz quando era criança. Nem sempre me recordo de tudo, infelizmente minha cabeça não é um computador...Ainda bem que não é um computador, pois computadores lembram, mas não sentem como aquilo foi bom, ou não.
    Hoje quando paro e me olho no espelho, vejo que não sou mais aquele menino que passava o dia brincando de bonecos, assistindo desenhos enlouquecidamente, que queria ser grande, que queria ser medico, que não estava nem aí para o mundo desde que tivesse brinquedos e uma televisão, que era do clube dos machos anti-mulheres, que queria ter barba, que achava um saco ter que ir à Igreja e que era mais que um grande sonhador.
    Eu cresci, não brinco mais de bonecos, assisto televisão quando dá, queria ser criança de novo, quero ser jornalista, me importo até de mais com o mundo, tenho uma namorada a quem amo muito, tenho raiva quando tenho que fazer a barba, amo muito a minha religião. Mas ainda sonho!
    Ao olhar para trás vejo que tudo o que passei na vida, até os momentos mais tensos, me serviram de lição, me fizeram crescer, amadurecer. Todas as raivas que tive foram curadas por alegrias imensas. 
    "Só me arrependo do que não faço", disse uma vez. Mas vejo que se não fiz tive um motivo bem forte para não ter feito. Me arrependi imensamente de não ter estudado o suficiente para passar de primeira no vestibular. Ainda bem que não passei de primeira, pois não teria vivido emoções tão intensas quanto as que vivi em cursinhos e agora em Letras. Me arrependi de um namoro frustrado. Ainda bem que o tive pois percebi que um namoro sem confiança não pode dar certo. Me arrependi de não ter dito que gostava de uma garota. Ainda bem, pois conheci alguém que eu amo de verdade e posso chamá-la de "novia" com todo amor que nunca tinha sentido por ninguém antes.
     Hoje quando olho para trás vejo que  tudo o que fiz, ou deixei de fazer, teve um propósito, que me fez crescer e amadurecer. Hoje vejo que olhar para trás é se preparar para o que temos pela frente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário